Mesmo que você assista televisão muito pouco, como eu, tem visto e ouvido muitas referências sobre sustentabilidade – eu diria mesmo que é a palavra do momento, usada nos mais diversos contextos, de refrigerantes a carros; de cremes a siderúrgicas. Por curiosidade fiz uma pesquisa no Google: o resultado saiu em 0,08 segundo, com aproximadamente 22 milhões de referências. Surpreso? Eu não. A grande prova de que uma palavra entrou definitivamente no vocabulário popular é quando políticos aproveitam a onda para rechear discursos demagógicos. Isso já é realidade.
Sustentabilidade, você sabe, é o termo usado como referência para as atividades que suprem as necessidades atuais da humanidade sem comprometer a sobrevivência das próximas gerações. Nesse contexto, está diretamente ligada ao desenvolvimento econômico – usar recursos naturais de maneira inteligente para que não se esgotem, sem agredir o meio ambiente. Lembra daquele ditado – sabendo usar não vai faltar? – é mais ou menos por aí.
Ninguém precisa ser gênio para ver o que a humanidade está fazendo ao planeta. Além de esgotar todas as reservas, a interferência inconsequente está mudando até o clima, e os resultados aparecem em forma de tragédias causadas por chuvas, enchentes, frio, calor, tornados; cenário cada vez mais devastador.
Sustentabilidade virou a pauta do momento. Capitaneada, é claro, pelas empresas, já que está ligada diretamente à economia. De repente, tudo está “virando” sustentável. Até o consumo. E aí mora o perigo, já que o excesso de consumo é o grande vilão da história: quanto mais consumimos, mais exaurimos os recursos do planeta. Só para ilustrar: você NÃO precisa trocar de celular a cada quatro meses; mas aí inventam o “celular sustentável” ou “ecológico”, e você troca. Mesmo SEM precisar.
John Moelaert, ambientalista canadense, chamou de “consumite” (consumeritis) a compulsão do consumo, uma “doença potencialmente fatal”. Para o planeta, claro! O fato é que dezenas de empresas estão usando a sustentabilidade apenas como apelo para venda – marketing.
(Aliás, “dei um Google” em marketing, e em 0,07 segundos apareceram aproximadamente 2 bilhões de referências! Uma delas: segundo Moacir Nóbrega, “despertar nos consumidores suas necessidades reprimidas e demonstrar como supri-las através de produtos e/ou serviços”, usado também para vender idéias).
É importante que sustentabilidade não seja apenas uma jogada de marketing. Nem todas as empresas estão assumindo posições mais sustentáveis porque acreditam; muitas o fazem – ou dizem que fazem – pressionadas por uma grande parcela dos consumidores conscientes da necessidade de se pensar na sobrevivência do nosso planeta azul em longo prazo.
Ser sustentável é mais que reciclar lixo, economizar água, preservar áreas verdes, usar fontes de energia limpa e renovável, diminuir a poluição. É muito mais que fazer propaganda. Atrevo-me a dizer que ser sustentável implica respeitar a vida acima de tudo, a começar por quem está ao seu lado.
O desafio passa a ser a educação para a sustentabilidade: desenvolver o homem para sustentar um novo mundo. Para além das atitudes básicas em relação à vida material, desenvolver uma educação para o respeito, a tolerância, a compreensão, a resolução pacífica de conflitos, enfim, atitudes que garantam que a humanidade não se acabe, que sobreviva junto com o planeta. A paz é sustentável.
Estamos todos conectados (ou você não estaria lendo aqui, agora!) e é nossa responsabilidade não aceitar que a sustentabilidade se transforme em apenas mais uma ferramenta do marketing ou um modismo a trafegar pela rede.
A grande magia desse imenso mundo virtual é globalizar idéias, sonhos, conceitos, ideais. Só há um risco – a rapidez da informação disseminada na rede, em algumas horas consegue substituir interesses levando-nos a buscar outro foco, outros assuntos, outros modismos.
Isabel Franchon Prado
http://coachingdesenvolvimento.com.br
Fonte: Revista Top Vitrine: http://www.topvitrine.com.br/artigo_v/?id=564
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