sábado, 20 de dezembro de 2008

Consciencia do consumidor x comportamento agronegocio

Conscientização muda tendências no agronegócio
Sabrina Domingos, do Carbono Brasil


A exigência dos consumidores tem feito com que os produtores adotem melhores práticas no campo com o objetivo de tornar toda a cadeia de produção de alimentos mais sustentável.

A migração de um paradigma voltado para a exploração máxima dos recursos naturais, praticado no Brasil desde a década de 1960, para outro que visa à proteção do meio ambiente vem ocorrendo porque as pessoas tomam consciência da importância da sustentabilidade em todas as atividades do dia-a-dia. A exigência do consumidor por produtos certificados, orgânicos ou reutilizáveis reflete diretamente na cadeia produtiva do agronegócio brasileiro.

O produtor que está no campo precisa se adequar às necessidades do mercado e utilizar as novas tecnologias que preservam a natureza. Esse processo no Brasil sofre com a herança cultural do antigo modelo exploratório, por isso a busca pela sustentabilidade agrícola ainda apresenta fragilidades na área social, ambiental e econômica – afirma o diretor da Hecta Desenvolvimento Empresarial nos Agronegócios, José Carlos Pedreira de Freitas.

Ele diz, no entanto, que o país está se inserindo nesse novo paradigma de produção sustentável, que exige uma transformação de cultura. Como exemplo de avanços na área social e econômica cita os esforços para inclusão de pequenos produtores no campo, com a criação de mais empregos para a agricultura familiar e orgânica. Na área ambiental, destaca a preservação dos recursos naturais com a criação de novas reservas e áreas de preservação permanente, além do desenvolvimento de insumos agrícolas menos agressivos ao meio ambiente.

“Agora a realidade está mudando; as pessoas questionam antes de comprar os produtos. Por isso são tão importantes os esforços de certificação, os critérios e a rastreabilidade de toda a cadeira de produção”, afirma.

Como exemplo dessa valorização, Freitas fala da certificação FSC para madeiras, que ele considera um avanço. “Há pouco tempo nós achávamos que o papel reciclado era o máximo, até que nos provaram que para reciclar se utiliza mais produtos químicos e se causa mais contaminação”, lembra. “Hoje, o papel reciclado já é passado - o negócio é papel certificado, que significa que ele foi produzido a partir de floresta manejada sustentavelmente”, avalia.

Porém o coordenador do Programa Agricultura e Meio Ambiente da WWF-Brasil, Luis Fernando Laranja, alerta que é preciso continuar com o trabalho de conscientização do consumidor e de pressão política para acelerar este processo de mudança de paradigma da agricultura. “É muito cômodo para um cidadão de São Paulo se comover com a floresta, mas comprar um móvel de madeira ilegal na esquina da Av. Paulista”, afirma.

Laranja se diz com boas perspectivas devido à mudança de percepção das pessoas com relação às causas ambientais. “É impressionante a mudança drástica de visão sobre o aquecimento global. Até Al Gore e IPCC ninguém sabia disso”, diz, lembrando que em poucos anos passou de um profissional “lunático” para um “fashion”.

Preço

Os produtos com esses diferenciais custam mais caro, mas Freitas esclarece que alguns mercados já reconhecem e pagam a mais por esses atributos. É o caso da grande maioria dos alimentos exportados para a Europa, que exige padrões rigorosos de qualidade e rastreabilidade. No Brasil, a iniciativa tem partido das grandes redes de supermercados, onde os produtos orgânicos de maior valor agregado têm feito sucesso entre os consumidores mais conscientes.

Essa percepção, no entanto, ocorre de forma lenta, explica Freitas. No mercado de sulcroalcooleiro, diz ele, tanto o produto gerado por uma usina que cumpre padrões sustentáveis, quanto o álcool produzido em outra totalmente irregular do ponto-de-vista legal, ainda possuem o mesmo preço e o mesmo valor no mercado.

“Mas vagarosamente o consumidor vai percebendo essas características e qualidades dos produtos sustentáveis em comparação com os demais e se dispõe a pagar mais por isso”. Freitas acrescenta que o diferencial competitivo precisa ser facilmente reconhecido pelo comprador: “Quanto mais tangível forem os atributos dos produtos, menos resistência a se pagar a mais. Para isso, os produtores devem buscar certificações e validações de empresas terceirizadas”, defende.

Apesar de lento, o processo tende a ganhar força à medida que as pessoas são educadas para perceber a necessidade de exigir mais dos produtos que consomem. Freitas acredita que a motivação deve ser a mesma que faz a população mundial se conscientizar para combater o aquecimento global sendo contra produtos e práticas que emitem gases do efeito estufa. “O processo é dinâmico. A tendência é no sentido de a sociedade cobrar cada vez mais. E vai caber aos produtores se adequarem”.


(Envolverde/CarbonoBrasil)
20/12/2008

sábado, 12 de julho de 2008

Captação de recursos e elaboração de projetos pelo Marco Lógico

Captação de recursos e elaboração de projetos pelo Marco Lógico

Metodologia possui rigor científico para a elaboração, execução, monitoramento e avaliação de projetos sociais

Já sabemos que não basta somente boa vontade, idealismo e amor a uma causa para que se consiga captar recursos e elaborar projetos sociais. As iniciativas informais, mesmo que bem intencionadas, são insuficientes. Muitos projetos não obtêm financiamento por apresentarem objetivos pouco claros, sem coerência lógica com as atividades ou em número excessivo, além de falta de elementos para avaliação entre vários outros tipos de problemas.

Sem a necessidade de sofisticados métodos matemáticos, o Marco Lógico (Logical Framework Approach – LFA, na sigla em inglês) é uma metodologia com rigor científico para a elaboração, execução, monitoramento e avaliação de projetos sociais. Foi criado em 1969 pela empresa de consultoria Practical Concepts Inc., especificamente por Leo Rossenberg e Lawrence Posner, a partir de um contrato com a Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (Usaid).

No começo dos anos 80, a empresa de consultoria Team Technologies, dirigida por Moses Thompson, incorporou – a pedido da GTZ (Agência Alemã de Cooperação Técnica) – novos elementos de análise ao Marco Lógico.

Desde então, tornou-se a metodologia utilizada pelas principais agências internacionais, como o Bird, BID, bem como por praticamente todas as agências da ONU, como OIT, Pnud, OMS e FAO, e da União Européia.

O que é?
Resumidamente, podemos dizer que o Marco Lógico é dividido em quatro partes.

Primeira: Momento de gestação do projeto. Aqui são propostos os vários níveis de complexidade e a estrutura geral. É feita a identificação do projeto e o estudo dos problemas que levaram à constituição do mesmo. Nessa fase também é realizado um conjunto de análises que identificam e priorizam os problemas e as possíveis alternativas de solução. A partir do Enfoque do Marco Lógico (EML) um projeto deve primeiro ter as suas bases estabelecidas e identificadas. Para isso, propõe os seguintes pontos de análise: antecedentes e experiência, análise da participação, análise do problema, análise dos objetivos, identificação dos grupos-meta, análise da estratégia.

Segunda: Com os fundamentos estruturados, causas e efeitos do projeto identificados, a próxima etapa da metodologia visa redigir o projeto propriamente dito. Para esse fim, utiliza uma matriz, geralmente chamada de Matriz 4x4, que de maneira lógica e eficaz aborda todos os principais componentes necessários para que um projeto tenha sucesso. Articula entre si e com rigor, de maneira clara e funcional, o objetivo de desenvolvimento (objetivo geral), os objetivos do projeto (objetivos específicos), os resultados esperados, as atividades, as hipóteses e pré-condições (situações externas que podem facilitar ou dificultar o projeto), os indicadores de resultado e as fontes de verificação.

Matriz do Marco Lógico:

Objetivo de Desenvolvimento Indicadores de resultado Fontes de verificação Hipóteses e pré-condições
Objetivos do projeto x x x
Resultados esperados x x x
Atividades x x x

A segunda fase planifica as operações de um modo preciso, com todos os recursos necessários para a sua efetividade. É também nesse momento que são quantificados e estabelecidos orçamento, plano de trabalho e cronograma de execução.

Terceira: A execução do projeto é a ação prática daquilo que foi pensado e redigido nas duas primeiras fases. Durante toda a execução, realiza-se o monitoramento, e nesse momento é possível que alguns caminhos sejam alterados, caso não estejam satisfazendo o cumprimento das metas.

Quarta: A avaliação final passa a ser, a bem da verdade, um coroamento e conclusão de todas as avaliações parciais (monitoramentos). Ambos tornam-se possíveis na medida em que todas as fases do projeto apresentam indicadores e fontes de verificação.

Outros pontos fundamentais no EML são: planejamento participativo do projeto, abordagem na questão de gênero e redação sob o critério Smart.

Planejamento participativo

Erroneamente, as metodologias tradicionais não incluem o planejamento participativo em seu processo de planificação. Ele é importante não só por uma questão de democracia, transparência e respeito a todos os envolvidos diretos e indiretos no projeto, mas também porque é essencial para a eficiência e obtenção de melhores resultados.

Todos os atores envolvidos terão um compromisso muito maior a partir do momento que tiverem a sua participação garantida. A situação que permite um índice adequado de participação possibilita um controle melhor de tudo o que ocorre, além de decisões de maior qualidade.

É claro que nem todos os atores possuem o mesmo nível de participação. Há aqueles que somente participam das informações sobre o projeto. Em um segundo nível, os atores já emitem opiniões, e o nível mais alto é o da tomada de decisões. Entretanto, deve ser garantido espaço a todos, seja à população referida, às organizações governamentais e privadas, ao público local, entre outros. Ou seja, o planejamento não é monopólio de um só ator. Todos participam.

Questão de gênero

Por óbvio, nenhum projeto social pode ser contra os direitos humanos, de justiça e democracia. São pré-requisitos que garantem um projeto justo e sustentável. Lutar pela eqüidade de gênero é lutar por uma eqüidade de toda a sociedade. Como os projetos normalmente são destinados a uma população referida neutra, a tendência é que o preconceito contra a mulher seja encoberto e, assim, a iniqüidade continua. Dessa forma, estabeleceu-se que mesmo se o projeto não tiver as mulheres diretamente como escopo, não deve perder a perspectiva e referência das questões pertinentes ao tema em todas as suas fases.

Critério Smart

Tanto no momento em que se pensa o projeto como durante sua redação recomenda-se a utilização do critério Smart. Esse termo é uma abreviação do inglês que significa:

• Specific (específico): Não devemos esperar resolver todos os problemas do mundo. Se fizermos isso, acabaremos não resolvendo nada, inclusive a situação específica que desejamos mudar.
• Measurable (mensurável): Tudo o que se pretende atingir deve necessariamente poder ser medido. Para isso, temos os indicadores e as fontes de verificação.
• Acceptable (aceitável): Um projeto não pode estar em contradição, por exemplo, com a comunidade próxima à população referida. O que seria resolver um problema e criar outro.
• Realistic (realista): Expressa de maneira realista o que se pode realizar, considerando as hipóteses e pré-condições.
• Time-bound (limite no tempo): indica o prazo em que se deve cumprir o objetivo.

O Marco Lógico, por fim, é uma das principais metodologias de uso internacional para que as ONGs passem a se profissionalizar e a racionalizar a elaboração de projetos sociais, atingindo nível de detalhamento e excelência que nada fica a dever a outros tipos de projetos.


Eduardo Magalhães (magaedu@uol.com.br)
Sociólogo, professor e consultor para o Terceiro Setor.
Revista Filantropia nº 27 - janeiro/fevereiro

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Sustentabilidade e Comunicação de Marketing

Sustentabilidade e Comunicação de Marketing

Por Álvaro Esteves*


A palavra sustentabilidade está correndo sério perigo de se tornar tão "irritante" quanto parceria, sinergia, paradigma, focado, qualidade e muitas outras que se desgastaram com o uso excessivo, nos últimos anos. Ela é hoje bola da vez como "mantra" no universo das empresas. As razões são óbvias. Estamos vivendo de fato um momento extremamente crítico na nossa civilização, tanto sob o ponto de vista de ameaças ambientais quanto de inadiáveis questões sociais, e é ampla a difusão dessas informações entre as pessoas que compõem o universo corporativo. O que é muito triste, neste caso, é que a palavra sustentabilidade está sendo usada, muitas vezes, de forma bastante indevida. Pior: em muitas situações em que o entusiasmo (em querer fazer alguma coisa) se mistura ao desconhecimento, seu uso pode soar como oportunista para ouvidos cada vez mais severos com este tipo de tema, no "outro lado do balcão".

O fato é que a sustentabilidade está por trás de uma mudança urgente que todas as organizações precisam empreender ou aprofundar. Trata-se de sair de um modelo linear para um modelo circular na produção e na lógica dos negócios. Precisamos, sim, abandonar um sistema tipo "pega- faz-descarta", em que a seqüência - linear - é extrair recursos da terra, transformá-los em produtos para serem entregues a consumidores no menor tempo possível, descarregando os refugos que o sistema gera de volta à natureza, seja no ar, no solo, ou nas águas.

Quando se fala em sustentabilidade está se falando em uma alternativa de sistema que poderíamos denominar de "pega emprestado-usa-devolve", em que a seqüência é circular e envolve a utilização de matérias-primas, energia e processos de produção benignos, que continuamente recirculam materiais aproveitáveis como insumo para outros ciclos produtivos, ou então os devolvem à natureza, devidamente regenerados, onde possam ser nutrientes de outros processos vitais. Está também implícita, no modelo circular, a necessidade de se levar em conta, além desta visão ambiental, os impactos sociais de cada etapa das atividades produtivas, até o seu consumo e seu descarte.

Quando dirigimos este mesmo olhar para o universo da Comunicação de Marketing, enxergamos também a necessidade de grandes mudanças na lógica predominante. Precisamos igualmente rever nosso atávico modelo linear: criação da mensagem - produção da mensagem (nem sempre sustentável) - veiculação da mensagem (broadcast ou direta) - ação do consumidor. A figura abaixo tenta ilustrar uma possibilidade de alinhamento deste processo a um modelo circular, que talvez possamos, enfim, começar a associar à palavra sustentabilidade:

Nessa visão, temos oportunidades em todo o caminho. Primeiro na criação da mensagem. Não vemos aqui um cerceamento à criatividade nem a necessidade de se ter uma comunicação xiita ou "babaca". Muito ao contrário, vemos, sim, muitas oportunidades de se pensar "fora da caixa", certos de que, para diferenciar um produto de seu concorrente não é necessário apelar para situações preconceituosas ou estimular comportamentos não sustentáveis.

As sempre infindáveis possibilidades do processo criativo podem gerar idéias e situações que tragam alguma contribuição positiva, sem deixar de atender a suas finalidades. As marcas vão agradecer, logo, logo. Um relatório do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) sintetiza: "A sociedade, agora, tem uma nova escala de preocupações; e as empresas passam a ter necessidade de um novo tipo de mensagens".

Depois, há os processos de produção. No lado do cinema publicitário, há "n" chances de alinhamento: elenco, locações, postura diante do uso de energia, materiais cenográficos e de consumo recicláveis, etc. No lado gráfico, idêntico raciocínio com relação a papel, energia, brindes com caráter social ou ambiental, comércio justo, etc. O mesmo se aplica às mídias, assumindo estas uma postura de respeito ao meio ambiente e ao consumidor, trazendo ainda contribuições ao tecido social onde atua.

Um último aspecto é o relacionado com os canais de diálogo não só com o consumidor, mas também com outros públicos afetados pelos produtos e pelas ações de comunicação. A nosso ver, esta é a porta da inovação da qual tanto carecemos. As organizações fechadas na zona de conforto de seu sucesso imediato precisam - e muito - ouvir continuamente esses públicos de forma a desenvolver seu senso de propósito, sua habilidade de aprender e sua capacidade de responder a mudanças. Em suma, aquilo que garantirá sua competitividade ao longo do tempo. A comunicação de marketing, a serviço deste objetivo e com o novo olhar de que falamos, poderá então usar o termo "sustentável" livremente, tendo o respeito e o reconhecimento de todos.


* Álvaro Esteves é diretor da Ekobé - Sustentabilidade e Responsabilidade Corporativa e autor dos livros "Uma Questão de Tempo" (Ed. Objetiva) e "O Gerente Animador" (Ed. Livro Técnico).

(Envolverde/Instituto Ethos)
09/07/2008

domingo, 29 de junho de 2008

Acesso a Mercados e Agroecologia: experiências do Programa Meios de Vida Sustentáveis, da Oxfam

Prezadas\os amigas\os,


Como uma forma de sistematização das realizações do Programa Meios de Vida Sustentáveis, tenho o prazer de tornar público o estudo "Agroecologia e Acesso a Mercados: três experiências na Agricultura Familiar da Região Nordeste do Brasil", realizado por Didier Bloch, em consultoria para a Oxfam GB no Brasil.

chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://legacy.agroecologiaemrede.org.br/acervo/arquivos/P508_2008-09-27_085320_Agroeocologia_e_Acesso_a_Mercados.pdf

O estudo teve como objeto as experiências de três parceiros do PMVS:

* ASSEMA - Maranhão

* Esplar - Ceará

* Diaconia - Rio Grande do Norte

Agradecemos seus comentários, críticas, sugestões, que serão devidamente encaminhadas ao autor.

Agradecemos também que divulguem esse documento. O mesmo não será impresso em papel (mas você pode imprimí-lo em sua impressora) e sua divulgação pela Internet, a todos os interessados, é livre.

O documento é Copyleft e pode ser citado, desde que se indique a fonte do mesmo.

Segue abaixo o índice da publicação.


Abraços,


Omar
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Omar.Rocha@gmail.com
tel. (11) 91586-4811
www.omar-sustentabilidade.blogspot.com

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Índice
Resumo 5
Siglas 7
Introdução 9
• O mercado, nova fronteira das ONGs rurais 9
• Foco nos agricultores pobres, produzindo segundo o paradigma agroecológico 9
• Comercialização da agricultura familiar, discussão de três experiências 10
• Estrutura do texto 11
Primeira parte: produzir para comercializar 13
Contextualização 14
• O peso e a diversidade da agricultura familiar brasileira 14
• De que agricultores familiares estamos falando aqui? 16
• Alguns elementos da economia da agricultura familiar nordestina 19
• Políticas públicas para a agricultura familiar 20
• O contexto nacional e internacional: fatores favoráveis e desfavoráveis 23
• As polarizações brasileiras 25
Três projetos na Região Nordeste do Brasil: a produção agroecológica
gerando renda 27
• O Programa Meio de Vida Sustentáveis da Oxfam 27
• Avanços palpáveis: a produção agroecológica gerando renda 30
• Um rápido balanço das três experiências 42
Produzir na perspectiva agroecológica 44
• A produção agroecológica 44
• Um ambiente favorável para a produção agroecológica 48
• Avanços e dificuldades na produção agroecológica 51
• Lições para a sustentabilidade 56
Agregar valor à produção: desafios tecnológicos e organizacionais 57
• Beneficiamento e processamento da produção em unidades de médio porte 57
• Um duplo desafio: agregar valor a agregar gente 58
• Avanços e dificuldades na transformação da produção 60
Segunda parte: vender sem se vender 64
A procura de mercados diferenciados 65
• Lidar com o mercado para incrementar o fator “renda” na economia familiar 65
• Acessar, enfrentar e desenvolver mercados 67
• Evitar os mercados convencionais e os atravessadores 68
• Procurar mercados diferenciados 72
Foco em três mercados: Orgânico, Institucional e justo 76
• O mercado local das feiras orgânicas 76
• O mercado institucional 83
• O comércio justo do algodão 85
• Os vários mercados do babaçu 95
Como vender sem se vende? as lições da prática 100
• A dura realidade da economia de mercado 100
• Equilíbrio e tensão entre o político, o econômico, o social e o ambiental 113
• Desafios e nós organizacionais 126
Gênero e mercado 135
• O reconhecimento ainda limitado das mulheres na agricultura familiar nordestina 135
• Gênero na família, nos grupos produtivos e nas organizações de mulheres 136
• Maior força política, porém ganhos econômicos limitados para as mulheres 137
• O mercado emancipa as mulheres? sim! ... e não! 141
Terceira parte - Além do local 145
Ampliar o raio de ação entre a a família e a comunidade 146
• Que futuro para os jovens? 145
• Intensificação e expansão das iniciativas agroecológicas 148
• Conquistas políticas 152
Novas políticas públicas na confluência da agricultura familiar, da
agroecologia e da economia solidária 155
• Agroecologia e economia solidária: objetivos comuns e estratégias complementares 155
• SECAFES e SCJS: novas políticas públicas para a agricultura familiar e a
economia solidária 162
• Elementos adicionais de políticas de comercialização da agricultura familiar 166
Conclusão 172
Notas de fim 178
Referências bibliográficas 183
Anexo 189

Celebração

C E L E B R A Ç Ã O ! ! !


Prezadas\os colegas, amigas e amigos,

O Programa Meios de Vida Sustentáveis, do qual fui coordenador na OXFAM GB em Recife, foi encerrado.

Quero, com vocês, celebrar esses  momentos de uma aventura que, iniciada em 1999, quando me mudei para Recife e assumi um posto na Oxfam GB, chega agora a bom fim.

Nessa jornada, conheci muita gente: colegas da Oxfam no Brasil, na região América do Sul, e de todo o mundo; companheiras e companheiros das organizações parceiras do Programa e de inúmeras outras organizações, movimentos sociais e redes que se relacionavam com o mesmo; agricultoras e agricultores de muitas e muitas comunidades que tive o privilégio de visitar, de casas que me convidaram a entrar; consultoras(es), especialistas, pesquisadoras(es), facilitadoras(as), sistematizadoras(es) que ajudaram a compor e realizar o Programa; amigas e amigos de coração; você – que lê essa mensagem agora.

Uma miríade de pessoas preciosas que, com generosidade e paciência, construíram comigo e coletivamente essa peça, essa proposta. A todas e a todos, meus reconhecimentos e minha gratidão.

Na avaliação final do Programa, constato que o mesmo não está simplesmente ‘terminando’, mas sim se transformando, renascendo num grande leque de propostas, de idéias, de novos projetos por parte das\os parceiras\os. Como se as plantas cultivadas estivessem dando novos frutos, e as sementes plantadas estivessem brotando com vitalidade, beleza e força. E as ferramentas abrindo novos sulcos. Não é isso a sustentabilidade?

Quero celebrar as aprendizagens que me foram propiciadas: aprendi a amar e a conhecer melhor essa vasta região do sertão brasileiro, esse magnífico semi-árido; aprendi a conhecer e admirar os ‘fortes sertanejos’ e as inabaláveis mulheres com quem convivi; aprendi que sim existem soluções inovadoras e acessíveis, que estão sendo propostas pelo conjunto de organizações da sociedade civil que lutam por uma nova sociedade, para assegurar os meios de vida dessa região.

Celebrar as relações de amizade, de parceria, de aliança, de cumplicidade que se forjaram nesse tempo. Encontros, viagens, compartilhamento de saberes, de emoções.

Celebrar o sucesso do programa e de nossas iniciativas conjuntas: algumas foram além de nossos sonhos; outras esperam talvez o momento certo para frutificarem.

Celebrar as mudanças-oportunidades, essenciais para nos depararmos com novos desafios e despertarmos nossa criatividade. Essa dádiva que nos proporciona a vida, com sua roda contínua de transformações, com seu jogo nesse “tabuleiro de brancos dias e negras noites” (Borges).

Como despedida, a saudação que aprendi em Angola:

ESTAMOS JUNTOS!


Omar
Recife, junho de 2008



Omar.Rocha@gmail.com
tel. zap (11) 91586-4811
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sábado, 28 de junho de 2008

Sustentabilidade exige transparência

Sustentabilidade exige transparência
Por Luciana Grili, do Celulose Online


O que a competitividade das empresas tem haver com o grau de interesse que elas têm por questões sociais e ambientais? Este novo binômio já virou uma exigência de mercado e a lei que impera neste cenário diz que, para serem competitivas, as organizações têm que apresentar sensibilidade e interesse por questões macro socioambientais.

Segundo o consultor e professor da FEA/USP, Alberto Borges Matias, o contexto do novo mundo impulsionou uma alteração de paradigmas na direção de velhas para novas regras. Hoje, quem quer um lugar ao sol, tem que ser ético, transparente e responsável. A fala parece clichê em boca de mãe ou pai tradicional. Mas não. Atualmente é norma de conduta para ser aplicada no campo dos negócios."O que se configura é uma vertente diferente do que havia anos atrás. Hoje, há uma necessidade imperativa que sinaliza a importância de se tomar essa consciência", comenta Matias. Segundo o consultor, a maioria dos exemplos que incorporam a noção de sustentabilidade vem dos bancos - de quem empresta dinheiro para movimentar negócios. "Nenhum banco vai financiar uma empresa se ela tiver, por exemplo, qualquer ação de agressão ao meio ambiente ou usar mão de obra escrava", coloca.

A preocupação com meio ambiente e políticas sócio-responsáveis tem que ter cartilha e dar diretrizes para a empresa. Tudo isso deve ser pautado lá atrás, ainda na produção do planejamento estratégico da organização. "A formulação do planejamento estratégico deve estar relacionada com a missão da empresa e estabelecer conexões com o negócio da organização, as tecnologias empregadas, os objetivos, valores e prioridades, além do relacionamento com os stakeholders", diz Matias.

Para o consultor, na hora do gestor elaborar sua política estratégica, ele deve estar atento às interferências do ambiente que afetam a organização. "Essas forças são sociais, econômicas, políticas, tecnológicas e de concorrência", comenta. Para ele, é crucial no jogo dos negócios, que haja foco da empresa para a preocupação da solução de problemas públicos, abrindo seu horizonte para a sustentabilidade econômica, social e financeira". Isso, na ótica do consultor é afinal, o que diferencia os países desenvolvidos dos países emergentes.

Diante da onda verde e dos valores de sustentabilidade que tomam formato nesta nova ordem mundial, fica claro que a gestão tem que ser definida pelo objetivo, a partir do esforço comum, de evitar ou retardar o esgotamento dos recursos naturais do planeta, ter como diretriz central a equalização dos resultados econômicos com ganhos para o ambiente e apresentar instrumentos de gestão com vistas a obter a economia e o uso racional de matérias-primas e insumos. "Estes não devem ser vistos como elementos isolados, por mais importantes que possam parecer", ressalta Matias.

Consumidor também cobra sustentabilidade

Pesquisas feitas recentemente nos EUA e Europa mostram que 74% dos consumidores preferem adquirir produtos de empresas que desenvolvam algum trabalho de responsabilidade social ou ambiental. Na hora da compra de qualquer produto, o consumidor está de olhos abertos para analisar se há selos que credenciam o produto e o trabalho da empresa, além de certificações de ISO. Esse perfil exigente do consumo está cada vez mais aprimorado e por isso, quem dá as cartas na hora das compras, não perde de vista os pontos que afetam a imagem da organização. "Isso comprova que para o mercado exigir empresas preocupadas com a responsabilidade social é apenas uma questão de tempo", destaca o consultor Alberto Borges Matias.

Para alcançar essa tão alardeada sustententabilidade, já há índices que apontam o que deve ser feito. Um deles é o ISE - Índice de Sustentabilidade Empresarial (BOVESPA, 2006). O índice mostra que as empresas devem ter três pilares equilibrados: os aspectos ambientais, sociais e econômico-financeiros.A transparência é o pai de todos. "A gente chama isso de governanca corporativa. Se a empresa não tiver transparência não tem sistema de governança e ela é básica para os donos. Não adianta apresentar um balanço social fajuto. Hoje, não dá mais para enganar ninguém. É preciso provar a sustentabilidade dos negócios com integridade", conclui Matias.


(Envolverde/Celulose Online)

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Sustentabilidade

*Sustentabilidade* é um conceito sistêmico, relacionado com a continuidade dos aspectos ecômicos, sociais, culturais e ambientais de nossa comunidade humana.

É promover um habitat mais eqüitativo, configurando a civilização e as atividades humanas, de modo que a sociedade, nas suas mais diversas gerações, possa “suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas”, como propõe o Relatório de Brundtland (1987).

A sustentabilidade abrange vários níveis, desde a vizinhaça local até o planeta inteiro.

O termo que deu origem a sustentabilidade foi o desenvolvimento sustentável, um termo adaptado da Agenda 21, programa das Nações Unidas.

Hoje, muitas pessoas referem-se ao termo “desenvolvimento sustentável” como um termo amplo pois implica em desenvolvimento continuado, e insistem que ele deve ser reservado somente para as atividades de desenvolvimento.

Efraim Neto [http://www.efraimneto.zip.net/]

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Se você tiver interêsse em meu Curriculum Vitae e outras informações pessoais, clique em: Omar Rocha.CV.Maio08.doc
www.driveway.com/r0p3v1s7g7

Também estarei disponibilizando toda uma imensa coleção de documentos eletrônicos que tenho reunido. Visite periodicamente: Subsidios
www.driveway.com/q0s0m5t9j5

Estamos juntos!

domingo, 1 de junho de 2008

Primeiras idéias

Idéias de desenvolvimento

Prezada\o amiga\o,

Grato por visitar esse blog.

Dentro desse vasto campo que é o 'desenvolvimento', além dos serviços que ofereço na postagem anterior, tenho interesse especial em trabalhar com parceiros em abordagens inovadoras, apoiando o desenho, a formulação e a implementação de intervenções relacionadas com:

*Consumo e Produção Sustentáveis*: pesquisa e investigação, desenho de propostas de intervenções, 'concept notes', assessoria na implementação de projetos;

*Metodologias Participativas*: treinamento e capacitação, com aplicação em terreno de metodologias participativas de 2a. geração (‘Abordagem da Economia da Unidade Familiar’, abordagem de meios-de-vida sustentáveis, metodologia de Redes Sociais aplicada à comercialização e à difusão de conhecimentos);

*Advocacy* (influência em políticas públicas): ‘Mapas de Poder’, incidência e contrôle social sobre orçamentos públicos, lobby local, boa governança;

*Gênero com Homens*: facilitação da integração da igualdade de gênero a organizações e atividades de projetos, com público misto, visando especialmente a sensibilização dos homens;

*Capacitação Massiva* (metodologia de criação de empresas auto-gestionárias por agricultores\as familiares): cooperação na realização de laboratórios experimentais de terreno;

*Jogos Pedagógicos*: facilitação de jogos coletivos de planejamento e gestão de recursos naturais (‘Jogo do Hexágono”);

*Rádio e Comunicação Rural*: adaptação e elaboração de scripts;

*Intercâmbio Sul-Sul*: desenvolvimento de programas de cooperação, especialmente com os países africanos de língua portuguesa.

Se você tiver interesse questões acima, poste aqui seus comentários e sugestões, ou escreva diretamente para mim: omar.rocha@gmail.com, ou me contate por zap (11)915864811.

Visite periodicamente esse blog, para checar atualizações e novos recursos.


Estamos juntos!

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Apresentação

Prezada\o amiga\o,

Estamos todos preocupados de alguma maneira com a *sustentabilidade*, seja da teia da vida de nosso planeta, seja dos trabalhos que fazemos. Daí o título desse blog, onde intento postar idéias, soluções, experiências, observações participantes, textos, citações de pessoas concretas, referências bibliográficas - uma reflexão sobre *recursos*, enfim.

Estou também oferecendo serviços de consultoria e assessoria (a curto ou longo prazo) a organizações, programas e projetos, relacionados à sustentabilidade de suas atividades, dos meios-de-vida da população a que atendem e do meio-ambiente.

Dentro desse vasto campo que é o *desenvolvimento*, me proponho a apoiar o desenho, a formulação e a implementação de intervenções relacionadas com:

*Pesquisa e investigação*: a partir de minha experiência em etnografia e Antropologia, buscando um conhecimento direto, desde os atores, participantes de um grupo ou de uma comunidade; usando metodologias participativas de investigação-ação, metodologias qualitativas, análise de redes sociais, análises quantitativas, utilização de softwares específicos;

*Sistematização* de experiências e de melhores práticas, gestão de conhecimento;

*Avaliação* de programas e projetos;

*Monitoramento* de programas e projetos: implementação de sistemas participativos e sustentáveis, definição de indicadores, fontes de verificação e procedimentos de coleta;

*Mobilização de recursos*: definição de estratégias, elaboração de projetos, propostas e 'concept notes' (notas conceituais) para atender a editais e apresentação a doadores, desenho de campanhas;

*Capacitação*: em temas como advocacy, políticas públicas, redes, organização, gênero, racismo e etnicidade.

Posso contribuir, especialmente, com os temas de *Consumo e Produção Sustentáveis*, Desenvolvimento territorial e rural sustentáveis, interrelações rurais-urbanas, indigenismo.

Utilizo uma abordagem *participativa*, atuando como um *facilitador* na construção coletiva de conhecimentos – muito mais do que um *especialista* em uma determinada área de saber.

Esse é um espaço de diálogo e cooperação. Espero seus comentários, suas idéias, suas críticas e sugestões.

Para maiores informações, visite periodicamente esse blog, ou escreva para:

omar.rocha@gmail.com

ou zap para: (11)915864811

Estamos juntos!